Quando falamos em vivenciar experiências, quantidade afeta qualidade.
24 de Abril de 2018
O doutor israelense em psicologia positiva é pioneiro no assunto. Numa palestra muito bem-humorada repleta de metáforas claras e acertadas, ele nos contou como podemos transformar o estresse em uma ferramenta positiva.
VIVEMOS UMA PANDEMIA GLOBAL DO ESTRESSE
Somos executivos cansados, estressados. Somos pais e mães sobrecarregados. Até mesmo os estudantes, jovens e crianças que deveriam aproveitar essa fase da vida com liberdade e leveza, estão vivendo a epidemia do estresse.
PRECISAMOS SIMPLIFICAR
Um estudo feito com mulheres norte-americanas e europeias analisou as experiências emocionais vividas por elas durante um dia inteiro. Uma das conclusões tiradas nesta pesquisa foi a de que quando estas mulheres estavam com seus filhos, não se sentiam felizes. Não porque não gostassem deles.
O que aconteceu foi o seguinte: quando essas mulheres estavam com seus filhos, também estavam resolvendo problemas em casa e fora dela, atendendo ligações, pensando no que fazer para o jantar e no relatório do trabalho que seria entregue no dia seguinte... em suma, executando tarefas que individualmente até poderiam ser prazerosas, mas que, juntas, viravam pura e simplesmente estresse.
Essa pesquisa nos ensina que quando falamos em vivenciar experiências, quantidade afeta qualidade. Um exemplo: você provavelmente tem duas músicas favoritas. Absorver cada música separadamente é uma experiência muito agradável, certo? Experimente ouvir suas duas músicas favoritas ao mesmo tempo e elas viram apenas barulho. É esse barulho que vivemos na vida moderna.
PRECISAMOS FOCAR
Para reduzir esse ruído, precisamos mexer em nosso hábito de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. É muito difícil eliminar o multitasking hoje em dia, em meio a tantas telas e demandas. Mas se faz necessário reduzi-lo, nem que seja um pouquinho. Dedicar-se exclusivamente a uma tarefa vai muito além de uma simples tentativa de diminuir a sensação de estresse: ela melhora seu índice de produtividade e faz você usar todo seu potencial cognitivo.
Uma tarefa tão comum como parar um trabalho para checar o e-mail acaba surtindo exatamente o efeito contrário. Esse tipo de interrupções afeta nosso cérebro como se tivéssemos passado duas noites seguidas acordados. Afeta de forma até mais grave que trabalhar sob efeito de algum narcótico. Fazer menos com mais qualidade é poderoso.
Pesquisas indicam que uma ou duas horas de trabalho focado e sem distrações aumenta o sentimento de prazer, a produtividade e a criatividade durante todo o resto do dia.
PRECISAMOS SENTIR O TEMPO
Passamos a maior parte do tempo preocupados com o tempo, mas sem senti-lo de verdade. Temos a constante sensação de que estamos correndo em círculos, no trabalho e em casa. É preciso parar para sentir o tempo como uma riqueza e ter a capacidade de gerenciá-lo como tal.
O segredo é dividir porções dele para nossos relacionamentos e tarefas prazerosas, gastá-lo com pessoas e coisas de que gostamos e que nos fazem bem. Mas é preciso que esse tempo seja um tempo de qualidade. Sem checar celular, sem se preocupar com o que será feito nas outras porções de tempo do dia. Precisamos inclusive reservar um tempo para brincar. Há quanto tempo você não brinca?
PRECISAMOS ABRAÇAR O ESTRESSE
A novidade é que demonizamos o estresse desnecessariamente. Pesquisadores têm descoberto que estresse por si só não é um problema. Ele pode ser bom para nós! Podemos comparar estresse a um treino na academia: dedicar-se um tempo a fazer exercícios de forma moderada e constante é maravilhoso. Saímos cansados, porém energizados e mais fortes.
O problema é quando exageramos. Quando acumulamos treinos e mais treinos e insistimos neles não saímos mais fortes, saímos machucados. Resumindo, o problema não é o estresse. É a falta de recuperação.
Isso porque nós somos biologicamente capazes de lidar com o estresse. Há milhares de anos atrás, o estresse nos fez sobreviver a predadores. Hoje, ele nos faz sobreviver a um prazo e a um chefe exigente.
Os fatores estressantes mudaram, mas o princípio é o mesmo. E tanto tempo lidando com o estresse nos ensinou, como espécie, a lidar com essa sensação. Aprendemos a lição ao longo da evolução: bastava descansar.
A diferença entre o estresse do passado e o estresse contemporâneo é que antigamente nós descansávamos entre um pico de estresse e outro.
Sentávamos em volta de uma fogueira após uma caçada ou em volta de uma mesa de jantar ao chegar do trabalho. Acontece que, hoje, é como se o predador nos acompanhasse na roda em volta da fogueira ou como se nosso chefe continuasse nos cobrando na mesa de jantar (na realidade, ao continuarmos checando o celular e respondendo mensagens, é literalmente o que acontece). Não descansamos. E assim, continuamos estressados.
Pessoas saudáveis e felizes têm a mesma quantidade de estresse que qualquer ser humano normal. A diferença é que elas conseguem equilibrar os picos de estresse com descanso – e um descanso verdadeiro, sem distrações estressantes. A forma como encaramos o estresse é muito importante nesse cenário. É comprovado por estudos: quem encara o estresse como um grande problema a ser evitado, ironicamente fica mais estressado.
Quem encara o estresse como um gatilho útil para motivar e focar, e usa as ferramentas certas para incluí-lo na vida vive de bem com ele e consigo mesmo. Se abraçado corretamente e equilibrado com momentos de recuperação, o temido estresse nos ajudará a fazer o que nos permitiu fazer durante toda a história da humanidade: termos mais força e saúde para uma vida mais longa e prazerosa.
Em 1850, a idade média de vida era de 45 anos. Hoje a expectativa é quase o dobro. Mas a medicina está se preparando para um salto ainda maior.
28 de Junho de 2018
Em 1850, a idade média de vida era de 45 anos. Hoje a expectativa é quase o dobro. Mas a medicina está se preparando para um salto ainda maior. Os bebês que estão chegando ao mundo podem alcançar os 150 anos de vida. Será? O fato é que essa possibilidade já movimenta o mercado em diversas áreas.
O cofundador do PayPal, Peter Thiel, conhecido investidor de Venture Capital, faz parte de um grupo de bilionários que incentiva negócios relacionados à longevidade. Para ele, a morte é um problema – que pode ser revolvido. Diz ainda que a sociedade está fazendo grandes progressos nesse sentido.
Há indícios mesmo de progressos. Pesquisas da Universidade da Califórnia já sinalizam com esperança. A professora Cynthia Kanion conseguiu dobrar o tempo de vida de um vírus com uma pequena alteração genética. O governo americano investe em pesquisas: em 2009, dos 31 bilhões de dólares distribuídos pelo Instituto Nacional de Saúde, 64 milhões foram para investigações genéticas de longevidade.
Sonia Arrisson – autora do livro Mais de 100 Anos: Como a Longevidade Vai Mudar Todas as Coisas, da Carreira às Relações Familiares e o Destino (272 págs, Basic Book Editora) – é uma entusiasta do assunto.
Em entrevista para a CBS, ela contou que sua inspiração veio de um programa de auditório americano, quando assistiu dois senhores chorando de alegria porque ganharam novos dentes, roupas e uma lipoaspiração aqui e ali. Sonia ficou pensando no que mais a tecnologia poderia ajudar na vida dessas pessoas. Depois de oito anos de pesquisa, ela finalmente publicou o livro em 2013. A possibilidade de uma vida centenária, segundo ela, dá um nova perspectiva sobre a velhice, casamento e até mesmo uma terceira carreira. Assista a entrevista completa
aqui.
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