Coloque em prática

Como traçar e cumprir metas?

Conversamos com uma especialista para entender como escrever metas verdadeiras e não perder o foco nos próximos meses.

11 de Janeiro de 2024


Agora que o ano oficialmente começou, é hora de começar a pensar nas metas que te darão norte nos próximos meses. Seja uma meta pequena ou até as maiores, o fato é que para não sentir aquela sensação de frustração no final de dezembro, é preciso começar ainda hoje a não perder o foco. 

Conversamos com uma especialista para entender um pouco mais sobre esse processo que é principalmente mental e que não depende de mais ninguém se não você. Leia mais a seguir!

Ritual antigo

O hábito de traçar metas para o próximo ano sempre existiu, apesar da impressão de parecer ter ganhado mais força nos últimos tempos. É parte de um ritual e, como te contamos neste Tema da Vez, os rituais são muito importantes para a elaboração dos sentimentos da nossa espécie. 

“O fechamento de um ciclo e início de um novo ano culturalmente nos trazem a oportunidade de recomeçar, mudar, fazer diferente. A esperança normalmente é um sentimento bastante presente nesses momentos,  o que motiva as pessoas a acreditarem num futuro melhor”, diz Thaís Gameiro, neurocientista pela UFRJ e sócia da Nêmesis, empresa que oferece assessoria e educação corporativa na área de Neurociência Organizacional.

Para ela, essa sensação de que a prática é “nova” se dá pelo fato da maior visibilidade e atenção que a atividade ganhou por conta dos meios de comunicação e da velocidade com que as informações chegam até grande parte das pessoas. “Hoje existem ferramentas físicas e digitais que nos ajudam a criar e monitorar nossas metas”, pontuação.

Por que é tão difícil cumprir nossas metas?

“Nossas metas e objetivos (pessoais ou profissionais) normalmente envolvem conquistas ou desfechos que ocorrerão no futuro, ou seja, na maioria das vezes precisamos adotar comportamentos ou fazer esforços no presente para conquistar resultados que só poderão ser vistos ou mensurados no longo prazo”, explica Thaís. 

Esse costuma ser o principal fator de dificuldade, já que nossa capacidade de enxergar os benefícios de longo prazo é mais limitada. Até porque, o sistema de recompensa do nosso cérebro funciona principalmente diante de ganhos imediatos, como te explicamos aqui. 

“Somos mais sensíveis a recompensas e respostas imediatas, mais tangíveis e fáceis de serem percebidas pelo cérebro como algo concreto. Quando precisamos enxergar benefícios que só ocorrem no futuro, ficamos vulneráveis a perder o foco do objetivo principal por conta de distrações que oferecem recompensas imediatas, mas que muitas vezes nos afastam da meta desejada”, reflete a neutrocientista. 

Esse fenômeno tem nome: viés do presente. Queremos emagrecer para ter mais saúde e também para ter um corpo mais bonito, por exemplo, e sabemos o que é preciso fazer em termos de alimentação. Mas o benefício dessa alimentação só aparece após alguns meses de esforço e determinação. 

Até lá, nós acabamos cedendo aos prazeres imediatos de um chocolate ou uma pizza que também possuem o seu valor, mas quando em excesso, nos desviam do nosso objetivo final. Esse mecanismo também está presente na procrastinação, atitude que desmembramos mais neste artigo. 

O que fazer? 

Para cumprir nossas metas ao longo de todo o ano sem desanimar, é preciso antes de mais nada dividir grandes objetivos em metas menores, mais simples e fáceis de serem executadas e acompanhadas, como explica Thais. 

“Uma das maneiras de nos manter motivados é perceber que estamos evoluindo, então será importante monitorar periodicamente como está sendo o seu progresso. Por exemplo, se você deseja ler mais em 2024, comece com uma meta de 30 minutos por dia ao invés de 1 livro por mês. Esse simples ajuste poderá ser a diferença entre engajar ou não nessa nova atividade pois, para o cérebro, a primeira meta parece simples e fácil de ser alcançada”, diz.

Outro ponto importante é planejar e “ensaiar” mentalmente quais estratégias você irá adotar para vencer os possíveis obstáculos que podem surgir no meio do caminho. “Quando exercitamos esse planejamento, damos ao cérebro maior repertório de atitudes e facilitamos a tomada de decisão frente aos desafios que podem aparecem e dificultar o cumprimento das metas”, pontua.

É importante ainda criar metas mais reais, e isso será impossível sem que você exercite o seu autoconhecimento e reflita sobre quais metas realmente você deseja alcançar. Tudo bem repetir a meta do ano anterior se ela não foi alcançada, mas pense: por que eu não a completei? Será que ela faz realmente sentido para mim? 

Outras questões que você pode levantar nessa jornada são: o que verdadeiramente me motiva? Você acredita que é possível chegar lá? Se sente animado e feliz ao imaginar-se no percurso até o seu objetivo final?

“É importante lembrar que menos é mais! Escolha 2 ou no máximo 3 objetivos que você realmente deseja alcançar e pense nas estratégias que irá adotar. Para alcançar nossas metas é necessário bem mais do que força de vontade, é preciso criar um plano de ação objetivo e definir estratégias. Uma boa meta deve vir acompanhada de ações simples e mensuráveis, que contribuem para alcançar tal objetivo: o que vou fazer, como e quando?”, aponta Thais.

O acolhimento

Por fim, mas não menos importante, é importante acolher também as metas não realizadas, que podem causar as intensas frustrações no final do ano, período que já costuma ser mais emotivo.

“Pense nas coisas boas e positivas que ocorreram ao longo do seu ano, faça uma lista das surpresas, conquistas e momentos positivos que você não planejou, mas que aconteceram”, coloca a especialista. 

Busque aprender com os erros e obstáculos que impediram seus objetivos passados de serem alcançados e pense em como fazer diferente. Não há nada de errado em não ter “chegado lá”, seja onde esse “lá” for. 

O que não pode acontecer é a estagnação diante disso, pois o verdadeiro fracasso é não tentar. Acredite em si mesmo e comece o ano diferente! Há muitas surpresas reservadas para quem ousa chegar no futuro!

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Coloque em prática

Qual o melhor exercício físico para mim?

Mais do que se exercitar, é preciso criar uma verdadeira conexão com a atividade proposta para que haja frequência – sobretudo na terceira idade

7 de Novembro de 2020


Que o exercício físico faz bem, isso já estamos cansados de saber. Ele auxilia a perda de peso, que consequentemente, diminui incidência das chamadas doenças crônicas não-transmissíveis, como diabetes e hipertensão. Sem diabetes e sem hipertensão, diminui-se também os riscos de infartos e acidentes vasculares cerebrais, dentre outras complicações.

Exercitar-se também faz bem para o seu sono, para sua respiração, para sua postura, coordenação motora, fortalecimento muscular e até para sua saúde mental. Ele também oferece benefícios secundários, como a socialização e o compromisso. Ou seja, só benefícios.

“De forma científica, já foi comprovado de que exercícios físicos são benéficos - ainda que coadjuvantes, em paralelo com alimentação, bons hábitos de sono e tratamentos - para doenças psicossomáticas, como depressão, transtorno bipolar” explica o educador físico Reginaldo Campos de Souza,  educador físico pós-graduado pelo Instituto Biodelta, em parceria com Hospital das Clínicas em Fisiologia do Exercício.

Hoje à frente da academia na área social do clube do time São Paulo Futebol Clube, especializado em atividades físicas e sociais para idosos, Reginaldo acredita que o exercício é parte de um todo composto por vários tipos de atividades, bem como seus benefícios são múltiplos.

“Agora em tempos de pandemia, a gente escuta os alunos reclamando de sentir muita falta, tanto no alívio de dores físicas, como dores emocionais também. O exercício trouxe benefícios de maneira secundária. A pessoa conseguiu com o exercício regar suas plantas, varrer o seu quintal, ela conseguiu realizar esses movimentos e ficou mais feliz” diz ele.

Há ainda indícios de alunos seus que relataram conseguir dormir melhor depois de se exercitar e isso o deixou mais feliz. “Portanto, ele é um ponto-chave porque desencadeia outras coisas, mas ele sozinho não é milagroso, ele faz parte de um todo” explica o educador físico.

Na academia do clube do São Paulo, há diversas modificações para atender melhor esse público maduro. Há números em cada máquina para que, na leitura da ficha de treino, o direcionamento seja mais intuitivo para o praticante. Todo o local é espelhado, para que os professores possam ver todos os alunos ao mesmo tempo, e para que eles possam se guiar e observar seus próprios movimentos.

Todos os aparelhos possuem fitas amarelas para que o aluno com deficiência visual possa evitar acidentes e veja as pontas dos aparelhos, além de os aparelhos estarem mais distantes um do outro em comparação à uma academia convencional. O espaço ainda conta com um local feito para exercícios de uso cognitivo e piso apropriado.

Mas, ainda assim, a parte mais importante de todo o processo é a anamnese, ou seja, a conversa prévia feita com o aluno durante a avaliação física. “É importante avaliar o idoso porque você vai ver desde o idoso atleta que participa de maratona até o idoso bem frágil com idade avançada ou doença avançada” explica.

Para estabelecer quem é quem de maneira científica, é necessária uma avaliação física rigorosa e demorada, com duração média de 1 hora e pautada em padrões internacionais. “É preciso saber o questionário da vida diária dele. Com base nessas respostas é que eu consigo catalogar ele como frágil ou não, porque se ele for, eu já nem faço os testes físicos, não preciso expor ele a isso. A gente quer ver como ele se encontra hoje, até mesmo seus exames de rotina, porque muda muito” conclui.

Outras abordagens

Mas, diferente do que muitos pensam, exercício físico não é só necessariamente a musculação em academias convencionais como a de Reginaldo. Essas são de grande valia, é claro, com profissionais preparados para atender especificamente as demandas daquele público. Mas, por serem mais repetitivas, podem não ser do gosto de todos.

Foi pensando nisso que a educadora física Roberta Marques decidiu fundar a Divas Dance, uma academia situada em Brasília com foco no público maduro que gosta de dançar. Filha de dançarina, ela e sua irmã enxergaram nesse nicho uma oportunidade de trazer mais qualidade de vida de forma divertida e lúdica para suas alunas.

“Escolhi focar na terceira idade por influência muito grande da minha família, cresci com meus avós em um clima muito bom e ativo. Também comecei a dançar muito cedo, e percebi que a prática possui uma parte lúdica muito boa e forte e isso atrai muito o público da melhor idade” conta a empreendedora.

Nesses dez anos de estrada, o projeto que surgiu como uma aula dentro de uma academia até ganhar mais estrutura, hoje já conta com adeptas não só da terceira idade, mas todas as mulheres que veem na dança uma maneira de se movimentar e se divertir ao mesmo tempo.

“O público é bem heterogêneo. Quando elas entendem que esse é o espaço para se divertir, a gente voa alto” conta. “A gente fala que é uma turma para maduros principalmente por causa das músicas, metodologias e atividades que oferecemos. Mas, o que todas têm em comum é gostar de dançar - e não é preciso saber, apenas gostar”.

Gostar do ambiente alegre, de gargalhar, abraçar, conversar e do barulho também é importante. “A dança tem um fator muito legal que é a música, que tem o poder de mudar o seu astral e isso outras atividades não têm. Ela também oferece mais socialização e interação o tempo todo, emoção à flor da pele.” diz.

Resultados

E o resultado não poderia ser mais positivo. As pessoas que dançam ou fazem exercício num geral, evitam mais as temidas quedas, tão problemáticas para os idosos. E mesmo quando ela ocorre, a recuperação ou a própria queda tendem a ser menos piores do que a de um sedentário, pois a pessoa tem mais reflexo, consegue se segurar ou se proteger, se levantar mais rapidamente.

“Tenho centenas de depoimentos do quanto a vida delas mudou desde que elas se dispuseram a conhecer mais nosso projeto. Acreditamos que o físico é o ponto de partida para uma mudança geral na vida, em todos os aspectos, e as que se dispõe a abraçar a causa do projeto trazem feedbacks até sobre a mudança na relação com a família, filhos e maridos. Pessoas que não tinham coragem de viajar sozinha sem a família hoje viajam com a gente, são pequenas diferenças que geram grande mudanças e benefícios” conta.

Não só na dança, mas na natação, corrida e até no tênis: em todos eles há espaço para o público sênior que quer se movimentar e também se divertir, participando de equipes e competições. Como é o caso de José Batista Nepomuceno, de 93 anos, frequentador do clube Pinheiros há 60 anos e praticante de tênis desde então.

“Quase não uso remédio. Já tive câncer, me tratei e me curei. Meu ingrediente mágico pode ser o esporte, porque quando você faz o que gosta e tem aquilo lá, isso é sempre uma competição, você tem que ganhar para ficar sempre com vontade ter vitórias. Não vou lá por brincadeira não, o negócio é sério” conta.

“Não me cuidava muito quando eu era mais novo, mas pratiquei esporte direto, sempre fui esportista, fazia montaria que era minha especialidade, depois esportes como futebol e tênis” continua. Somente no ano passado, seu José foi destaque em ao menos cinco torneios diferentes, sem contar os muitos prêmios e convites que acumulou ao longo da vida dentro da categoria. Para ele, a prática traz benefícios para a coordenação, para as articulações e para seu foco.

As especificações

Quando o assunto é a terceira idade, é necessário manter atenção em diversos fatores durante os exercícios. O primeiro deles, é claro, é a estrutura adaptada que o educador físico Reginaldo mencionou. Roberta possui as mesmas preocupações, preenchendo seu espaço com fitas antiderrapantes, controlando o volume do som e até do ar condicionado.

Mas é preciso estar atento à hidratação dos alunos, que tendem a desidratar mais rapidamente, e também ao seu estado cognitivo, como a sua memorização e concentração - até mesmo para evitar quedas. Os movimentos devem ser mais contidos e também com foco maior no ganho de músculo, e não tanto na perda de gordura.

O condicionamento cardiorrespiratório também deve estar em foco, uma vez que ele é mais frágil e muito solicitado num momento de exercícios. Forçá-lo ao extremo pode gerar aumento da pressão arterial ou provocar tonturas que colocam sua noção espacial em cheque.

Estar atenta aos níveis glicêmicos do aluno, que pode apresentar uma diabetes, é de suma importância - e uma possível baixa pode se manifestar por meio de um mal estar, por exemplo. Suas articulações podem também oferecer algum desconforto, bem como sua coluna, e para isso o ideal é que o educador físico esteja preparado para adaptar alguns exercícios.

Por fim, paciência para atender as especificidades desse público que chega com bagagem, experiência, traumas físicos e emocionais e, como é o caso de muitos, um distanciamento de longa data dos ambientes de exercícios físicos. É preciso fazer com que eles entendam que exercitar-se é bom não só porque seu médico pediu ou seu filho forçou, mas porque irá ser benéfico para toda a sua vida.

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