#PlenaeApresenta: Simone Mozzilli e o câncer que mudou o seu propósito

Mergulhe na história de descobertas e reflexões de Simone Mozzilli, representando o pilar Propósito.

29 de Abril de 2024



Você acredita em destinos que se cruzam? A publicitária Simone Mozzilli teve sua vida cruzada com a de outras crianças por um ponto em comum bastante complexo: o câncer. Se em um dia ela estava fazendo trabalho voluntário e no papel de levar alegria e esperança para os pacientes e seus familiares, no outro ela se viu com o laudo positivo na mão e um mundo de inseguranças.

Mas, no início, quando tudo não se passava de um propósito de ajudar o outro - pilar que ela inclusive representa na décima quinta temporada do Podcast Plenae -, ela não tinha a menor noção que um dia poderia ser “vítima” de alguns foras que ela mesmo dava, e nem mesmo que a sua trajetória seria marcada pelo acaso.

“Eu falava coisas que, hoje, eu sei que são absurdas, tipo: “Se você pensar positivo, você vai ficar bem”. Eu era uma jovem publicitária, dona de uma produtora que tinha vários clientes grandes. Então, eu achava que eu sabia tudo. Aos poucos, eu fui aprendendo o que falar, o que não falar. E os melhores professores que eu tive foram as crianças. Uma dessas crianças salvou a minha vida”, relembra.

Por que salvou sua vida? Para responder essa pergunta, é preciso dar alguns passos para trás e entender melhor os caminhos da publicitária, que fazia trabalho voluntário e visitava uma casa de apoio a crianças com câncer. Uma delas, a Ana Luiza, recebeu o diagnóstico de rabdomiossarcoma, um tipo de tumor que se forma nos músculos esqueléticos, aos 7 anos de idade.

“A Ana Luiza precisava de doação de sangue. E eu tentei doar, mas eu nunca consegui, porque eu sempre fui super magrinha. Daí eu decidi criar um site pra ajudar, chamado ‘Força, leucócitos’, e daí ele estimulava as pessoas a doarem plaquetas. O site viralizou, até a Ivete Sangalo compartilhou e foi uma das maiores doações de sangue que o hospital já recebeu. Fiquei amiga da Ana Luiza e de toda família”, relembra.

Todos os dias, Simone visitava Ana no hospital, até que a criança se tratou e finalmente entrou em remissão, período em que o paciente pode respirar com mais tranquilidade e repetir os exames meses depois. “Como a família dela era de Manaus, eles decidiram passar esse tempo em São Paulo. E a gente aproveitou pra passear. Eu levava a Ana Luiza para aniversário de crianças, a gente passou o dia no sítio de uma amiga, a gente foi andar a cavalo no Jockey Club, a gente passou no lançamento do livro de um outro amigo, a gente foi até ao jogo do Corinthians, mas eu preciso dizer que ela era Galo. Nós ficamos muito próximas”, conta.

Essa aproximação ensinou Simone de diversas formas, sobretudo na forma de encarar com naturalidade mesmo os olhares mais difíceis. Mas, acima de tudo, Ana encorajou sua amiga mais velha a encarar de frente um cisto no ovário que ela vinha ignorando.

“Em uma das conversas, eu contei pra ela que eu tinha um cisto no ovário. Eu tinha descoberto há um ano e pouco antes, num exame de rotina, e segui acompanhando. Os cinco médicos que eu fui diziam que aquele cisto não era nada, mas mesmo assim eu morria de medo. E se fosse câncer? Um dia, a Ana Luiza me perguntou: ‘Você não vai tirar isso?’ E eu falei: ‘Não, eu tenho medo. Eu nunca operei, nunca dei ponto, nunca me internei, nunca fiquei num hospital’. E ela respondeu: ‘Eu to tirando metástase da cabeça e você não tira um cisto?’”, diz.

Infelizmente, pouco tempo depois dessa conversa, o câncer de Ana voltou e ela acabou falecendo. Seus pais decidiram então fundar um instituto e convidaram Simone para ser diretora de marketing. Mas antes, a publicitária tinha uma missão: encarar o seu cisto de frente, assim como Ana encarava o seu câncer.

O que ela não poderia imaginar é que uma cirurgia que tinha tudo para ser simples e rápida, tornou-se complexa e longa. Foi ao longo do procedimento que os médicos descobriram que aquele cisto se tratava de um câncer e foi ao acordar na UTI que ela tanto frequentou para acompanhar Ana que ela descobriu ser agora vítima de um problema tão parecido.

“Eu chamei a enfermeira e perguntei: “Câncer?” E ela confirmou. Daí eu pedi: “Você pode chamar meus pais?”. E ela falou: “Tá fora do horário de visita”. Hoje eu aprendi: família não é visita! Aí eu pedi pra enfermeira segurar a minha mão até eu dormir. (...) Naquele momento, eu não era uma voluntária que ajudava crianças com câncer, agora eu era também uma paciente. E essa nova perspectiva mudou tudo”, relembra.

Os dias seguintes foram marcados por uma preocupação e medos extremos, mas principalmente pela dificuldade em encontrar boas informações, em fontes confiáveis e acessíveis ao público. O resto dessa história - do tratamento ao compartilhamento de sua experiência com as crianças e depois com o público final -, você confere ouvindo o episódio completo, disponível por aqui e também no Spotify. Prepara-se para se emocionar, aperte o play e inspire-se!


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Entrevista com

Natália Dornellas

Jornalista e publicitária

Encarando a maturidade com bom humor

8 de Junho de 2020



Como fazer da sua própria experiência de vida um tema para um podcast? Como tratar mesmo das mais profundas dores de sua vida com leveza e, acima de tudo, bom humor? A jornalista e publicitária Natália Dornellas, uma das idealizadoras e apresentadoras do podcast asperennials conversou com o Plenae para tratar desse e de outros assuntos. 

O que significa asperennials Quem cunhou esse termo oficialmente foi a publicitária Dina Téo, mas a primeira vez que ouvi sobre perennials foi quando a Layla Valyas ( personagem deste Plenae Entrevista ) falou durante uma entrevista sua desse grupo que ficava em uma espécie de limpo. É essa mulher que pode ter de 40 até 55 anos, que ainda não é terceira idade mas também não é millennial . Ninguém olha muito pra ela, e ela está por aí, é a mulher que consome, em tese já está consolidada profissionalmente. Achei que aquele nome batia muito, senti uma identificação, uma representação. 

E como surgiu a “marca” asperennials? Do que ela se trata? 
Foi uma vontade minha, da Fernanda e do James, que é o nosso diretor digamos assim, de levar conteúdo pro podcast, queríamos fazer alguma coisa nessa área. A rede social hoje que eu tenho mais relevância é o Instagram, que é uma rede mais imagética. A gente queria poder falar, e o podcast te dá essa possibilidade. Como nós 3 somos da rádio, a gente sempre teve essa habilidade de falar. Imediatamente eu sugeri à Cris Guerra, que também é uma pessoa da fala, para participar também, porque já vinha falando desse envelhecer, de achar as várias vantagens e dores desse processo.

Outro grande marco que eu vivia naquele momento, e que considero um privilégio, foi cuidar do meu pai no fim de sua vida. Ele teve uma espécie de Parkinson, então foi de um cara independente que morava no interior, aposentado mas cheio de atividades, a alguém que precisava de ajuda para tudo.

Pra mim foi um turning point , eu já não estava muito feliz escrevendo sobre moda e decoração, me questionava sobre querer falar de coisas mais relevantes, e então me veio isso de cuidar do meu pai e escrever sobre esse processo (na conta @maedopai, no Instagram). Meu pai faleceu em outubro de 2018, mas em junho do mesmo ano eu já estava produzindo a primeira temporada do podcast.

Em agosto, lançamos. No programa a gente não se coloca como especialista no assunto, mas dividimos nossas experiências enquanto perennials. Agora começamos a inserir algumas sonoras de especialistas, sobre diferentes assuntos, mas o foco principal ainda são nossas próprias vivências, somos todas 40+. 

O público recebeu bem de cara essa temática? 
Lá no começo, não vislumbramos possibilidades de termos patrocinadores poderosos ou algo assim, a gente só sentiu que estava rolando essa onda de podcast, e o James que é super ligado em tecnologia, agregou com sua experiência. Fizemos de coração, mas foi muito interessante porque percebemos rápido um retorno nas ruas.

Eu e a Cris, que já tínhamos isso de influenciadora digital, e a Fernanda que tinha bastante público local de Belo Horizonte, fomos abordadas por diferentes pessoas em diferentes momentos para ouvir pessoas falando e elogiando o asperennials , e não mais da Natalia jornalista de moda ou nossas vidas pessoais. Todas recebemos muito retorno também nas redes, de mulheres do Brasil inteiro. Nossa audiência é muito relevante em BH, mas no Sul está o nosso segundo público. 

O que você aprendeu com o podcast e com a suas próprias experiências? 
Eu confirmei para mim algo que sempre soube: eu sempre gostei de pessoas mais velhas, mais maduras. Minha melhor amiga hoje tem 63 anos, sempre tive esse flerte com os cabelos brancos. Me deparar com a situação do meu pai, com esse tempo e necessidade que a longevidade traz, me fez abrir o olho pra falar sobre temas que eu realmente queria, e entender que eu mesma já estava em outro momento, que a menina Natália que queria ser editora de moda já tinha realizado esse sonho e que era hora de mudar. E que é lindo mudar. 

Pra você, qual o poder da autoestima - sobretudo depois dos 40? E do bom humor? 
A autoestima é uma construção, é até difícil responder sobre ela, acredito que eu tenha mais propriedade sobre o bom humor. Na verdade, a maturidade vai te mostrando seus pontos fortes, e os fracos obviamente que você tem, você vai aprendendo a administrar. E fazendo isso realmente com a inteligência emocional, fazendo com o que você tem de bom seja mais importante e se sobreponha.

Então eu, por exemplo, falo muito melhor sobre os outros do que falo de mim, e escolhi seguir por esse caminho. A autoestima é muito relacionada também aos hormônios, no caso das mulheres. Eu, que ainda não estou na menopausa, fico muito suscetível às luas e outros fatores relacionados aos humores. Mas sei onde posso colocar minhas fichas. Eu sei que sou uma excelente geradora de conteúdo, então coloco todas as minhas fichas nisso.

Aí entra o humor também, acho que é realmente ver o lado bom das coisas. Sou de uma família onde todo mundo era muito bem humorado, meu pai fez piada até seus últimos dias. Minha mãe morreu de ELA, e brincava muito com o fato de andar de cadeira de rodas. Eu herdei isso e as pessoas inclusive reconhecem isso no meu texto, dizem que eu tenho um texto mais engraçado, mais divertido. Nessa quarentena, por exemplo, eu tenho olhado meus cabelos de forma engraçada, acho que faz parte. 

E como as leitoras recebem esse humor? 
No nosso Instagram a gente já entendeu também que as leitoras gostam mais quando são posts engraçados, quando tem humor elas compartilham mais. Ter esse bom humor nessa fase da vida, se você não for carinhoso, indulgente e rir de si mesmo, fica tudo muito mais difícil, principalmente diante das inevitáveis questões estéticas.

O bom humor salva sua autoestima. As grandes perdas que tive na vida me fizeram enxergar melhor essa experiência da passagem, com outro olhar e com mais leveza. Ter essa característica desde sempre me salvou em vários momentos, me tirou desse lugar de se levar tanto a sério, e é isso que buscamos passar pras nossas seguidoras todos os dias, que recebem muito bem. Por exemplo, fizemos uma pesquisa sobre menopausa esperando somente resultados negativos, e para nossa surpresa, muitas já lidam com o tema de forma bem humorada. 

Como você avalia suas próprias mudanças nessa fase da vida? O que diria para quem está entrando nela? 
Envelhecer faz parte do processo, a única saída seria a morte. Algumas decisões e mudanças só podem acontecer quando você já tem um caminho trilhado. Essa história de mudar de carreira aparece muito aos 40, e existe uma revolução astrológica que eu acredito muito, entre os 38 e 40, que é aquilo que você achou aos 20 anos que queria ter pra sempre. Para mim estava certo de que queria ser uma editora de moda. E eu fui.

Mas esse ciclo fechou, e eu entendi de forma leve esse encerramento. Mas você só consegue essa leveza quando você tem algumas janelas na sua vida, experiência, bagagem. O corpo claro, sente mais a idade, não tem jeito. Só que você tem outros atributos e é aí que entra a mente. Quem é muito focado na estética tem que estar ciente de que há muito mais na vida do que só isso.

Dentre minhas próprias vivências, enxerguei um aumento na tranquilidade, você fica menos ansiosa, existe uma calma para entender que você tem que viver um dia de cada vez mesmo, que a vida tá acontecendo agora, e todos esses clichês que parecem não fazer sentido quando se é mais jovem, mas aos 40 você entende.

É essa plenitude de conseguir olhar com afastamento das coisas, não se sentir tão vítima de tudo, assumir um posicionamento de espectadora da vida e conseguir enxergar os problemas com seu devido tamanho, um pouco menores. Por mais que as pessoas que estejam nascendo agora sejam muito sábias e até mais maduras, tem coisas que não adianta: só a roda que você já percorreu é que vai te ajudar a formular. Envelhecer tem muito mais prós do que contras. 

Você acredita que há diferenças entre o envelhecer feminino e o masculino? 
A gente discutiu isso em um episódio. Eu acho que os homens se cuidam menos, a gente brinca que os homens envelhecem melhor sei lá, pelo cabelo grisalho que é charmoso e na gente não. Até pouco tempo atrás eu achava isso de fato, mas agora eu vejo que isso não é verdade.

Eu hoje acho que o homem fisicamente amadurece melhor, mas em relação ao comportamento e maturidade, o timing deles pode ser mais lento para bancar algumas coisas da vida. Pelo que eu tenho visto nas mulheres as quais eu converso, que interagem no podcast, é que a gente tá entrando em uma nova geração de “grisalhas” que são muito poderosas, seguras de si, se estruturando para entender o amadurecimento não como uma perda, mas como uma fase da vida.

Hoje a mulher está muito ciente de como se cuidar, como o autocuidado é tão importante, é tema de revista de moda até em consultório para lidar com a menopausa. Porque as mulheres estão se olhando para além do corpo, estão pensando em óleos essenciais, terapias alternativas. A andropausa talvez sejam igualmente dura, mas os homens sofrem calado, não lidam bem com o corpo, têm medo de fazer exame. Se a andropausa é difícil, ninguém contou, eles não se juntam para falar disso, é tabu. Acaba que o envelhecimento é um processo individual, não de grupo. 

Tomando como base um dos seus posts: o que querem as mulheres maduras? 
Quando você percebe que pode viver cada dia mais com os recursos da medicina, você vai fazendo uma lista de coisas que você ainda quer realizar e às vezes nem sabia. Mas acho que o que, apesar de querermos coisas diferentes todos os dias, os principais são: poder se expressar, tranquilidade e saúde plena também, sobretudo a mental. São coisas menos materiais, e mais substanciais. Menos tangíveis. Mas do intangível é essa serenidade, mais mansa da vida que a maturidade traz.

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